Li em algum lugar qualquer a história de um homem que estava às margens de um rio em uma cidade do interior. O homem observava a bela paisagem. Quando de súbito apareceu alguém que lhe disse:
-- Zé, oh Zé, corre, depressa, sua casa está pegando fogo do outro lado do rio. Sua esposa e filhos estão feridos. É uma verdadeira tragédia!
O homem atônito com as más notícias imediatamente levantou-se de sua contemplação, já antevendo o pior, dirigiu-se para a cabeceira da ponte que o levaria ao outro lado, quando percebeu que a pontezinha estava quebrada e ninguém poderia passar por ali. Foi quando teve a idéia de tomar emprestada uma canoa, de alguns pescadores, que ficava junto à ribanceira bem próximo da ponte quebrada. Mas, como uma triste e lamentável coincidência a canoa não estava em condições de uso. E, agora? O que fazer?
Ele não pensou duas vezes; mergulhou, e sem titubear saiu a nado. Feito um exímio nadador rapidamente chegou à metade do rio. Foi quando pensou:
-- Alto lá. Eu não me chamo Zé, não moro do outro lado do rio, não sou casado e nem tenho filhos. O que estou fazendo aqui?
A estória pode parecer cômica, mas traduz a realidade de muitas pessoas.
Há quem ainda não conhece sua verdadeira identidade. São pessoas que vivem a vida de outras pessoas, sonham sonhos que não são seus e tentam executar projetos de terceiros. O resultado disso tudo? Frustração.
Muitos são aqueles que assumem para si o que os outros dizem a seu respeito. Ouvem coisas do tipo: você não consegue. Você não pode. E trazem esse lixo para dentro de si tornado-se pessoas infrutíferas e assumindo uma identidade que não condiz com quem realmente são.
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